Hoje, é o Dia Mundial da Poesia.
E, porque a poesia faz parte da minha vida (quase como se de um alimento se tratasse), deixo aqui este poema, que dedico a todos quantos continuam a visitar este meu cantinho, continuam a deixar comentários e a lembrar-se de mim... Obrigada,
Fazer das coisas fracas um poema.
Uma árvore está quieta,
murcha, desprezada.
Mas se o poeta a levanta pelos cabelos
e lhe sopra os dedos,
ela volta a empertigar-se, renovada.
E tu, que não sabias o segredo,
perdes a vaidade.
Fora de ti há o mundo
e nele há tudo
que em ti não cabe.
Homem, até o barro tem poesia!
Olha as coisas com humildade.
Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"
Nem sempre faço as coisas com lógica. Faço-as porque me apetece, porque me dão prazer, ou apenas porque sim.
Hoje foi um desses dias.
Acordei cedo. Tinha marcação para depilação às nove horas e cabeleireira às nove e meia.
Saí de casa por volta das oito e quarenta e cinco. Estava um sol delicioso. Voltei a trás. Entrei em casa e coloquei no saco de praia a toalha e o biquíni.
Precisava passar no multibanco, mas já não tive tempo. Não queria atrasar o trabalho do pessoal do gabinete de estética; segui directamente para lá.
Submeti-me aos "tratamentos", vesti o biquíni, e só depois fui levantar dinheiro paraefectuar o pagamento.
Toda gira, saí de lá direitinha para a praia. A praia estava deserta e o mar estava uma delícia. Mergulhei e nadei até me cansar.
Deitei-me na toalha e usufrui de uma manhã de praia fantástica. O sol e o mar em justa medida e temperatura.
Cheguei a casa completamente energizada e claro está, com o cabelo todo molhado.
Eu sei, não tem lógica, arranjar o cabelo e ir para a praia dar cabo do trabalhinho dos outros, mas não me iria negar a este prazer que me fez muito bem.
Lógica? De que me serviria a lógica? Apenas para ficar com o cabelo arranjadinho para a reunião de logo.
A praia? De que me serviu a praia? Foi apenas mais um dia? Bem, a praia serviu-me para relaxar de uma semana chata e cansativa, para me renovar as energias, para libertar do stress e para me deixar muito, mas mesmo muito, bem disposta...
Trocar o prazer de uma banhoca pela lógica? Nunca!
Gosto do meu momento, na esplanada, após um dia de trabalho. Gosto mesmo!
Aprecio aquela meia hora, ali sentada, na mesa 5, a minha preferida, debaixo da araucária, num lugar privilegiado da esplanada, em que observo o movimento, as pessoas, as expressões, os hábitos... Sinto-me mesmo bem enquanto lá estou.
Invariavelmente, sai um fino e um pires de tremoços.
A meia hora, passa, e estou preparada para a segunda parte do dia: a família, a casa o jantar e, sempre que possível, a praia.
A praia tem estado óptima. O calor é uma constante, com o sol a brilhar e a convidar a um mergulho. O mar... que delícia...
A minha cor de caramelo está a tender para chocolate. E eu, estou bem! Mesmo bem!!!
A chuva parou. Finalmente! Os pássaros, algo atordoados pela temperatura primaveril, chilreiam alegremente.
A febre, baixou. A dor de garganta persiste. Maldito ar condicionado! Não sei como ou porquê as pessoas insistem em ligar essas porcarias...
O telemóvel, apareceu. Foi-me entregue ontem à noite. Ainda há gente honesta. Pena é que pouco depois de o ter ligado, tenha ficado sem bateria e, eu só vou poder carregá-lo amanhã (tenho o carregador no serviço - dá sempre jeito).
É importante referir a forma como o telemóvel me foi entregue.
Ontem à noite, depois do jantar, a campainha tocou. Espreitei pelo vídeo porteiro e reconheci quem estava do outro lado. Estranhei. Para além da pessoa em causa não ser das minhas relações, sou sim, amiga de uma irmã dela, ela nem mora perto de mim.
Abri a porta e convidei-a a entrar.
- Tenho uma coisa que lhe pertence, disse-me ela sorrindo.
- Tem?!
- Sim... Isto pertence-lhe, não?
- Sim. É o meu telemóvel. Perdi-o na quarta-feira à tarde.
- Pois... eu sei. Um cliente nosso, encontrou-o e pediu-me que verificasse na base de dados a que pertencia. Como está registada, através do número, não foi difícil, chegar até si.
- Obrigada.
- Depois, só tive de confirmar, junto da minha irmã, se a dona do telemóvel não era a Eusinha, porque não a conhecia pelo nome próprio.
- E veio cá de propósito?!
- Não - risos - vim jantar aqui perto.
- Ah! Mais uma vez obrigada. E gostaria de agradecer, também, ao senhor que o encontrou.
- Vou falar com ele. Se ele me autorizar, dou-lhe depois o número de telemóvel dele ou outro número para onde possa ligar.
- Obrigada.
Realmente, ainda há gente honesta. Ainda há gente capaz de me surpreender pela positiva.
O dia não começou da melhor forma. Cheguei ao serviço, para além de atrasada, completamente encharcada (até aos ossos).
Como se isso não bastasse, senti, de uma forma repentina, uma fome daquelas... e a ideia dos Pastéis de Tentúgal e das Espigas Doces de Montemor, não me saía da cabeça. Desde ontem que ando com esta fome especifica... Sempre que estou emocionalmente instável, sinto fome especifica. Há anos que é assim.
Saí para ir comprar qualquer coisa para comer. Na pastelaria onde fui, havia Pastéis de Tentúgal. Que felicidade...! Pois, só durou até eu o provar... Que desilusão! Que sabor horrível! Nem me quero lembrar.
Regressei ao serviço com uma... sandes de queijo.
Fui à net fazer uma pesquisa e o resultado da mesma, colocou-me, no mínimo, numa posição completamente desconfortável. Ainda não sei o que pensar.
O resto do dia, correu, entre sobressaltos e arrelias. Atrasos e a perda do meu telemóvel, deram-lhe o toque final.
Por tudo isto, decidi, e muito bem, encher a banheira de hidromassagem, com àgua bastante quente e perfumada, enfiar-me lá dentro, e deixar-me lá ficar a ouvir Bernardo Sassetti e o seu "Nocturno". Que delícia.
Lá fora a chuva cai, forte e cadenciada. Emite uma sonoridade muito peculiar e, eu ouço. Ouço e aprecio. Como sabe bem...
P.S. É urgente ir a Montemor-O-Velho comprar Espigas Doces. É-o, também, pedir à Tininha que me faça Pastéis de Tentúgal. O que me leva a concluir que é ainda mais urgente ir a Coimbra...
Hoje é um daqueles dias em que nada me satisfaz, em termos de alimentos. Já tentei de tudo, mas o resultado não foi o desejado .
Acordei com uma vontadinha de comer Pastéis de Tentúgal e Espigas Doces de Montemor...
Quando esta manhã, cheguei ao parque de estacionamento, vinha como o tempo: cinzenta.
Chuviscava. Por esse motivo procurei refugio num abrigo ali perto. Quando entrei, de cabeça baixa, para que a chuva não me pingasse os óculos, e me impedisse de ver, fui surpreendida por uma voz, bonita e simpática que me disse:
- Bom dia, senhora. Eu sou o Diogo M.F.
Olhei-o nos olhos, uns olhos castanhos, límpidos, brilhantes e doces e respondi:
- Bom dia Diogo. Muito prazer. Eu sou a Eusinha.
- Ah!
Todos à volta se riram.
Até porque o meu interlocutor tem, soube posteriormente, apenas... três anos.
Há melhor forma de começar o dia?
. Hoje...
. De dois em dois o caracol...
. O que alguém escreveu sob...
. Saudade
. Pensamento (meu) sobre o ...
. Abraço
. Sim...