Há alturas na vida em que as circunstâncias nos obrigam a parar e pensar. Esta foi a altura.
A troca de sms, noite dentro, com o Pedro e a conversa contigo, levaram-me à conclusão, triste, que as coisas não estão bem.
Enquanto fiz a pé, o percurso entre Telheiras e o Colombo, fui-me questionando. Cheguei à conclusão que por algum motivo que me escapa, não sou feliz. Alturas houve em que achei e senti, que a felicidade era o meu estado de espírito habitual. Actualmente isso não acontece.
Revisitando mentalmente os últimos anos, não consegui perceber onde ou quando deixei a felicidade escapar.
Penso que se prende com um certo comudismo a que me votei e que não me é característico.
Descobri que não me sinto realizada.
A minha vida, num passado muito recente, limita-se a existir. O que é pouco. Para mim é pouco. Preciso existir porque... E, não esncontro os "porque"...
Faltam-me as cores quentes e vibrantes e a luz e o calor do sol.
Faltam-me os objectivos e os planos.
Falta-me saber para onde quero ir.
Falta-me aquele abanão, aquele empurrão.
Faltam-me os abraços dos meus filhos e de outras pessoas que amo.
Falta-me sentir que vale a pena amar.
....
Que fazer?
Que volta tenho de dar à minha vida?
Por onde começar?
Entre um banho de sofá, perna esticada, com o portátil ao colo e, um banho de sol, lá fora no jardim... Optei, como é óbvio, pelo banho de sol.
Protector solar espalhado pelo corpo. Biquíni vestido. Óculos de sol na cara. Livro debaixo do queixo, sim porque as mãos têm de estar livres para as canadianas e, lá fui eu... Sol! Que bom!
Há que tirar proveito das situações. E, se tenho que ficar em casa, de perna esticada, então vou aproveitar esse tempo, revertê-lo a favor daquilo que gosto de fazer e, que possa ser feito de acordo com as normas estabelecidas pela médica.
Viagens pelo mundo da música, explorar novos sons, tentar perceber-lhes a beleza e a mensagem. Viagens pelas páginas dos livros, que estavam a aguardar a minha disponibilidade para uma viagem conjunta. E, sol, muito sol. Calor e energia. Vida!
Hmmm... Que delícia, sentir o sol a acariciar-me o corpo, observar o voo das borboletas, ouvir o trinado dos pássaros e até, lá longe, o coachar das rãs... Acolher a paz que a natureza me transmite, com um sorriso nos lábios e um agradecimento no olhar...
É tão bom estar viva!
Sábado, depois do almoço, fui com o marido até ao local de encontro. Atrasados cerca de dez minutos, lá chegaram eles. Mochilas às costas, bonés nas cabeças, devidamente calçados e como é habitual, muito bem humorados.
Brincadeiras, brincadeiras e mais brincadeiras. Questionaram-me se iria fazer o trilho de canadianas. Risos, gargalhadas. Houve quem arriscasse: "Vai! Vai ao colo de cada um de nós. Ela não pesa muito e divido por todos não vai ser difícil." Seria bonito de se ver...
Posamos para a fotografia e lá partiram eles (mais elas do eles) em amena cavaqueira e de máquinas fotográficas em punho, prontas para o que desse e viesse.
No domingo fui ao Centro de Saúde realinhar a tala e fazer "um pé novo". Voltei para casa e foi banho de sofá o dia todo. Vi não sei quantos filmes na televisão (logo eu que quase não vejo televisão)...
Hoje, acordei cedo (para não variar) e fiquei à espera da equipa da RTP. À hora marcada, chegaram. Acho que a entrevista correu bem... agora é aguardar e ver a reportagem final, quando esta for para o ar... Sou demasiado critica...
Para hoje, está previsto mais um banho de sofá. Ver um filme da Pipi das Meias Altas. Acabar de ler um livro, que descansa tranquilamente, na mesa de apoio, aqui ao meu lado e, após o lanche, preparar o material escolar do filhote, para amanhã.
Estranhando a minha (quase) permanente presença na net, o meu primo que, vive longe de mim, à distância de um oceano e alguns (muitos) quilómetros de comboio, questionou-me se ainda estava de férias.
- Não, estou de Atestado Médico.
- Estás doente?! É que quando estivemos juntos, pareceste-me muito bem!
- Sim, estava bem! Mas, sábado, torci um pé e fiz uma fissura... agora, tenho de estar em repouso...
- Ah! Pois... Sabes o que é isso, não sabes?! Ecologia a mais!
- Ecologia a mais...?! Não, não teve nada a ver com isso. Foi mesmo a descer um degrau, numa zona balnear...
- Tu e o mar...
- Sabes como é... é aquela "sedinha" de um bom mergulho!
- Eheheheh
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Não quero, mas se quisesse, não conseguiria divorciar-me de uma série de coisas. Todas elas relacionadas com a natureza... Gosto tanto do meu mar, do meu mato, do meu quintal, da minha agricultura biológica, das grutas e, do meu rio Mondego...
Ah! E Ecologia, NUNCA é demais!
A coisa começou por ser uma brincadeira. Depois surgiu o convite. Ajustados todos promenores cá em casa, decidi aceitar o convite e, há hora marcada lá estava eu, devidamente equipada. Ténis apropriados, boné, mochila (com água, fruta, alguma comida e um agasalho) e, sobretudo com muito boa disposição.
Do grupo, apenas conhecia quem me convidou. Tudo gente muito mais nova do que eu, cheios de vida e boa disposição. Duas qualidades que eu aprecio particularmente.
Foram quatro horas maravilhosas, numa partilha de brincadeiras, gargalhadas, considerações. Caminhar por entre a natureza, por trilhos que nos mostram belezas escondidas, para a grande maioria que, por desconhecimento e uma certa inércia, não se aventuram a percorrer, com pessoas que fazem do companheirismo e do respeito pelos outros e pelo ambiente que nos rodeia, o seu lema, deixou-me feliz.
No programa, estava previsto, no final da caminhada, um mergulho. Rumamos à zona balnear. Estava mesmo a apetecer um mergulho naquele mar, naquela água fresca e transparente.
Enquanto olhava à volta, à procura de sítio para estender a toalha, ia descendo uns degraus... Cabeça no ar, sede demar, muita sede do meu mar, não vi onde punha os pés e... torci o pé esquerdo em cima de uma pedra. Sentei-me agarrei-me ao pé, movimentei os dedos. Tudo bem! Movimentos sem dor.
Mar... mar... mar! Nadei, refresquei o corpo e a mente. À saída da água o pé doeu um pouquinho... não liguei muito. Mas, de volta ao carro, conduzir até casa foi doloroso.
Já em casa, um banho quente, um jantar leve e sentia-me pronta para mergulhar no sofá, quando o pé voltou a doer. Gelo! Gelo! Muito gelo!
Durante a noite voltei a fazer gelo...
Ao acordar, não tinha dúvidas:de uma ida ao Centro de Saúde, não me iria livrar.
Após exame por parte da médica e uma visitinha ao radiologista, saí de cadeira de rodas (ah! pois é!) e, com o meu pézinho de cinderela transformado num pé e gigante.
Conclusão: "férias" forçadas! Entre 2 a 3 semanas de mergulhos divididos entre a cama e o sofá... Músculos trabalhados na perfeição. Sim, porque isto de andar de pé coxinho e de canadianas, dá músculo... Oh! se dá!
A noite vestiu-se de negro. Despediu-se da chuva e alegrou-se. Salpicou a saia com a luz das estrelas, dançou à volta da lua e, sentiu-se feliz.
Tão feliz que nem percebeu a inveja estampada nos rostos das mulheres que a olhavam. Ou percebeu e não lhe atribuiu importância.
Olhou-se no mar e viu a sua bela imagem refletida. Percebeu quão grande era a sua auto-estima. Entendeu, por fim, que era grande, imensa, diferente. Com uma beleza muito própria.
Rodopiou e escondeu-se atrás da montanha. Preparou-se para descansar e, deixou que o dia apagasse os vestígios da sua presença.
Logo, logo, voltaria, invencível...
Recostou-se e adormeceu... e sonhou... e foi feliz, muito feliz!
Não tinha intenção de passar o ano de 2009 em revista mas, estar quietinha, impedida (temporariamente) de trabalhar, de movimentar-me bruscamente, pouco fica que possa fazer.
Dedico os meus dias à leitura, a ler os meus e-mails, teclar com os amigos, pôr a conversa em dia, visitar os cantinhos amigos, e reflectir.
Assim sendo, a análise a 2009, surgiu sem esforço. No inicio do ano, tinha referido que aquele seria um ano de mudanças. E, foi sem sombra de dúvida um ano em que ocorreram mudanças muito positivas na minha vida. Tive dias maus e situações menos satisfatórias. Claro que sim. Mas o saldo foi positivo.
Os bloqueios que teimavam em obstruir a minha vida, desapareceram, como que por magia, a partir do mês de Junho. Coincidência?! Não...
Conheci gente fantástica no segundo semestre de 2009. Envolvi-me num projecto, para o qual tinha sido convidada, que me proporcionou momentos de grande felicidade; encontrei amigos e conretizei sonhos; conclui projectos e deixei as mudanças acontecer.
Viajei um pouquinho, estive em Coimbra, revisitei o Piódão, passei uns dias em Vila Soeiro, levei os meus filhos à Serra da Estrela, enfim...
Mudei o visual... finalmente aconteceu!
Claro está que não consegui tudo sózinha.Tive a ajuda preciosa do meu marido, dos meus filhos, dos meus amigos e, pasme-se, até de quem eu julgava amigo e não o era.
Desculpem-me todos os que estiveram presentes na minha vida em 2009, mas impõe-se dois agradecimentos em particular: ao Lovenox (por tudo) e ao Pedro (por do nada ter surgido um irmão).
Beijinhos e obrigada.
.... se ao longo do percurso, me tivesses dito "Sawabona"!
Com um sorriso, ter-te-ia repondido "Shikoba"!
Sawabona: Eu respeito-te, eu valorizo-te, tu és importante para mim!
Shikoba: Então, eu existo para ti!
... no ar a mudança!
Assim, do nada. Surge no meu interior aquela energia oculta e fascinante que me leva a acreditar que tudo é possível. Ou melhor, que tudo de bom é possível.
... aquela excitação!
A mesma que me leva a olhar as coisas, ver as pessoas, amá-las, e viver a vida, de uma forma mais completa.
... que flutuo!
Envolta em luz e paz. Numa harmonia perfeita, entre o ser e o estar. Na medida certa, no equilíbrio justo, que me conduz à felicidade.
... nada mais poder desejar!
Não tenho tudo. Mas, tenho quase tudo aquilo que me faz feliz.
...amor!
Amo muito! Mesmo que amar não implique retorno. Amo assim mesmo. É bom amar!
Assim, sinto tudo isto... inexplicavelmente
As coisas pequenas não significam muito, elas significam tudo.
Harvey MacKay
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