Peco pelo tardio, ao escrever este post. Deveria tê-lo escrito há já algum tempo. No entanto, hoje apeteceu-me e, eu ainda funciono um pouco consoante os apetites.
Não conheço Cabo Verde, mas tenho amigos que são caboverdianos, gente que visita a sua terra de dois em dois anos e que trazem, de cada vez que lá vão, algo de novo para contar.
Recordo-me de que as lágrimas me vieram aos olhos ao ouvir, emocionada, a história de Cesária Évora, mulher simples, amiga da sua terra, amiga dos seus amigos e sobretudo, amiga de muitos conterrâneos desconhecidos.
Contaram-me estes amigos que, Cesária tinha um casa na sua terra natal. Essa casa, quer ela estivesse em Cabo Verde, França, ou qualquer outro país, tinha sempre a porta aberta e a mesa posta. Para quê? Para que todos aqueles que tivessem fome e não tivessem o que comer, entrassem, sentassem e comessem, sem pressa, dissera-me eles.
Mantinha, alguém responsável pela gestão da casa e empregou algumas pessoas. A casa funcionava sempre.
A música afastou-a fisicamente do seu país, mas não da sua gente. O egoísmo não tomou conta do seu coração e a fama não lhe turvou os sentidos. Usou o fruto do seu trabalho para continuar a ajudar aqueles que mais precisavam.
Grande Cesária Évora!
Muito para além da música... "SÔDADE"!
Obrigada!
Conheci-o já lá vão muitos anos. Tantos que já não os conto. Um pouco por culpa do Raul que me falou do Festival Maré de Agosto e, me fez ir até à Ilha de Santa Maria, ou se calhar, um pouco por culpa deste meu gosto pelos artistas e que vai muito para além do espectáculo e do palco.
Lembro-me que havia uma discoteca, A Chaminé, e que foi para lá que foram os músicos e a organização do festival.
Eu, fui levada pelo Leo e pelos restantes músicos da Tânia Maria. O Max, com aquele seu jeito divertido e amigo de ser, explicava as entranhas da discoteca. Na visita guiada. levou-nos a um espaço vedado ao público. Lá, lembro-me bem, estavam a Tânia Maria, o marido, o Leo e eu.
Ouvimos todas as explicações, questionamos e divertimo-nos.
Passaram-se anos sem contacto. Quando nos encontramos, por culpa de um outro festival e de um grande amigo em comum, a amizade renasceu. Acompanhei de longe a luta. Sabia o que se passava. Mas ontem, ao saber que nos tinha deixado, senti-me vazia...
Homem da fotografia, amigo verdadeiro, dono de um sorriso fantástico e brilhante, um pai e tanto, fiel aos seus ideais e aos seus sonhos, contador de histórias fascinante, partiu ontem.
A tua família Max, está de luto. Para além deles, a tua ilha, os Açores, o Mundo, as Artes (fotografia, música e teatro), os teus Amigos...
Lembrar-me-ei de ti, do teu abraço e do teu sorriso e, sentirei ao longo da vida, o calor da tua amizade.
Obrigada, Amigo!
Descansa em paz!
Apesar de Lisboa não ser a minha cidade de eleição, é uma cidade onde me sinto bem. Aqui tenho vivenciado aspectos positivos da minha vida.
Após uma tarde de sábado cinco estrelas, desde almoço com uma grande amiga, algumas compras e ida ao cinema (fomos ver Nas nuvens), rumei até ao Bairro Alto para e ir encontrar com o Pedro, a companheira dele e alguns amigos. Surpresa das surpresas, encontro o Zeca, músico e amigo com quem já não estava há algum tempo.
Foi bom! Muito bom mesmo.
A noite traz-me sempre grandes surpresas.
Gostei das pessoas que conheci esta noite: um poeta, uma cantora, um actor, uma pintora e uma arquitecta.
Cada vez mais, sinto que o meu lugar é entre todos os que de alguma forma trabalham para que a cultura deste país melhore.
Agora... agora vou dormir. Convenhamos de que já está mais do que na hora....
A todos obrigada.
"Balada do desajeitado"
Sei de alguém
Por demais envergonhado
Que por ser tão desajeitado
Nunca foi capaz de falar
Só que hoje
Viu o tempo que perdeu
Sabes, esse alguém sou eu
E agora vou-te contar
Sabes lá
O que é que eu tenho passado
Estou sempre a fazer-te sinais
E tu não me tens ligado
E aqui estou eu
A ver o tempo a passar
A ver se chega o tempo
De haver tempo pra te falar
Eu não sei
O que é que te hei-de eu dar
Nem te sei
Inventar frases bonitas
Mas, aprendi uma ontem
Só que já me esqueci
Então, olha, gosto muito de ti
Podes crer
Que à noite o sono é ligeiro
Fico à espera o dia inteiro
Para poder desabafar
Mas, como sempre,
Chega a hora da verdade
E falta-me o à vontade
Acabo por me calar
Falta-me jeito
Ponho-me a escrever e rasgo
Cada vez a tremer mais
E às vezes até me engasgo
Nada a fazer
É por isso que eu te conto
É tarde pra não dizer
Digo como sei e, pronto
Eu não sei
O que é que te hei-de eu dar
Nem te sei
Inventar frases bonitas
Mas, aprendi uma ontem
Só que já me esqueci
Então, olha, gosto muito de ti.
Quadrilha
Acho que te adivinho o sorriso...
Acordei cedo como é habito. Fui à rua tratar dos gatos (são só onze) e da cadela e, fui também recolher alguma roupa que deixara estendida no alpendre, durante a noite.
Fazia frio. Mesmo muito frio. Se fosse noutro local possivelmente haveria neve. Aqui limitou-se ao frio que magoava o rosto e as mãos.
Entrei em casa e fui a correr (literalmente), acender a salamandra. A sala foi invadida por uma onda de calor deveras confortável.
Entrei na cozinha, liguei a torradeira, preparei uma torradas, de pão caseiro, com manteiga e um chocolate quente, à minha moda, com direito a raspas de chocolate e tudo, e, regressei à sala. Pus um CD de Natal, dos Antigos Tunos da Universidade de Coimbra, a tocar e, fui enroscar-me no sofá.
A casa estava silenciosa. Dormiam todos.
Dei-me ao luxo de sentir o prazer das coisas simples: o calor da salamandra, o chocolate quente, as torradas de pão caseiro e uma boa música de Natal.
Fiquei ali até o meu pessoal acordar. E estive muito bem. Estive em Paz. E, em óptima companhia: comigo mesma.
O dia não começou da melhor forma. Cheguei ao serviço, para além de atrasada, completamente encharcada (até aos ossos).
Como se isso não bastasse, senti, de uma forma repentina, uma fome daquelas... e a ideia dos Pastéis de Tentúgal e das Espigas Doces de Montemor, não me saía da cabeça. Desde ontem que ando com esta fome especifica... Sempre que estou emocionalmente instável, sinto fome especifica. Há anos que é assim.
Saí para ir comprar qualquer coisa para comer. Na pastelaria onde fui, havia Pastéis de Tentúgal. Que felicidade...! Pois, só durou até eu o provar... Que desilusão! Que sabor horrível! Nem me quero lembrar.
Regressei ao serviço com uma... sandes de queijo.
Fui à net fazer uma pesquisa e o resultado da mesma, colocou-me, no mínimo, numa posição completamente desconfortável. Ainda não sei o que pensar.
O resto do dia, correu, entre sobressaltos e arrelias. Atrasos e a perda do meu telemóvel, deram-lhe o toque final.
Por tudo isto, decidi, e muito bem, encher a banheira de hidromassagem, com àgua bastante quente e perfumada, enfiar-me lá dentro, e deixar-me lá ficar a ouvir Bernardo Sassetti e o seu "Nocturno". Que delícia.
Lá fora a chuva cai, forte e cadenciada. Emite uma sonoridade muito peculiar e, eu ouço. Ouço e aprecio. Como sabe bem...
P.S. É urgente ir a Montemor-O-Velho comprar Espigas Doces. É-o, também, pedir à Tininha que me faça Pastéis de Tentúgal. O que me leva a concluir que é ainda mais urgente ir a Coimbra...
Que óptima surpresa esta. Acabei de saber que se tudo correr bem, vou poder assistir a um concerto de Herbie Hancock.
Pois Herbie Hancock, vai estar ao vivo e a cores e sobretudo com muito som, na minha santa terrinha. Há muito tempo que desejava assistir a um concerto desde senhor, grande pianista de jazz , mas nunca imaginei poder concretizar este desejo.
Quem aprecia jazz, sabe que este senhor venceu este ano, o prémio Grammy Awards para o Melhor Álbum do Ano e Melhor Álbum de Jazz Contemporâneo, com o seu álbum "River: The Joni Letters".
Herbert Jeffrey Hancock nasceu em Chicago, a 12 de Abril de 1940. Começou a estudar piano aos sete anos de idade e aos onze já dava concertos. Durante largos anos fez parte do quinteto de Miles Davis. Após a sua saída do quinteto de Miles, enveredou cada vez mais por um jazz de fusão, sem abandonar por completo o jazz acústico se bem que numa vertente moderna.
É sem sombra de dúvida um músico notável e versátil. E eu, Eusinha, vou estar a vê-lo e a ouvi-lo muito em breve.
Tenho ainda na minha memória um concerto de jazz, ao qual assisti há cerca de dois anos. Era um trio de jazz moderno, vindos da Suécia, cujo nome era curioso: E.S.T..
O trio era integrado por Magnus Oström, baterista, Dan Berglund, baixista e Esbjorn Svesson, pianista e compositor.
Fui para o concerto sem conhecer nada, absolutamente nada, da obra do grupo. Podia, eventualmente ter ouvido uma ou outra vez um tema deles, mas nada que me fizesse afirmar que conhecia as sonoridades próprias do trio.
Gostei. Saí da sala com a alma cheia. Do trio destacava o pianista. Em conversa com alguns amigos, gente ligada à música em geral e ao jazz em particular, todos aplaudiam a excelência de Esbjorn Svensson.
Foi com tristeza que recebi a notícia da sua morte, no passado sábado, dia 14 de Junho de 2008. Contava apenas quarenta e quatro anos.
O Jazz ficou mais pobre com a partida precoce deste senhor.
Nota: a quem possa interessar, no youtube, existe um vídeo de Svensson, num solo fantástico.
Um pequenino grão de areia
Que era um pobre sonhador
Olhando o céu viu uma estrela
Imaginou coisas de amor, ô ô ô
Passaram anos, muitos anos
Ela no céu ele no mar
Dizem que nunca o pobrezinho
Pode com ela se encontrar
Se houve ou se não houve
Alguma coisa entre eles dois
Ninguém soube até hoje explicar
O que há de verdade
É que depois, muito depois
Apareceu a Estrela do Mar
Da autoria de Paulo Soledade e Marino, interpretado por Dalva Oliveira, no ano de 1952.
Nota: Acordei hoje a cantarolar esta canção. Não sei se por me achar um pequenino grão de areia...
Como era habitual, comprei os bilhetes para o festival, sem me preocupar com os nomes dos artistas, já que a garantia de qualidade dos mesmos, me deixar livre dessa preocupação e o factor surpresa ser algo que me fascina.
Na véspera do festival um colega de trabalho, perguntou-me se não ia assistir à "conferência" onde o guitarrista Stanley Jordan , ia participar. Seria sobre musicoterapia.
- Vai ser interessante e como sei que este assunto te interessa... - disse-me ele.
No sábado à tarde, à hora marcada, tomei o rumo do auditório. Na assistência não estavam muitas pessoas. Alguns jornalistas e outros tantos curiosos, como eu.
O que ouvi, deixou-me fascinada. Pelo músico e pela pessoa que ele era. Todo o trabalho feito em hospitais, passando até por alguns blocos operatórios, fascinou-me de tal forma que decidi, de alguma forma, chamar a atenção para este senhor e para a sua obra.
Soube mais tarde, em conversa com um amigo, homem da rádio e deveras conhecedor da vida e obra de Stanley Jordan , que este tem formação musical académica mas, foi nas ruas de Nova York e Chicago que ganhou mestria. Chegou mesmo a ser conhecido pelo músico que tocava em troca de alguns cêntimos. Desengane-se quem pense que não tinha valor suficiente para editar os seus trabalhos. Foi contactado mas, não aceitou gravar, por sentir que ainda não amava a musica como amava a sua família. Quando o fez, fê-lo com a certeza de ter chegado o momento certo.
À noite, perante uma sala cheia, um homem grande com ar de menino, subiu ao palco. A um palco onde para além dele e da sua guitarra, apenas estava um piano. Ele e a guitarra, em comunhão perfeita, foram-se soltando em sons, melodias e emoções. O braço da guitarra era tocado pelas suas duas mãos (a direita tocava como se o braço da guitarra fosse um piano). Os meus olhos não conseguiam desviar-se dos seus longos dedos e do braço da guitarra.
O público extasiado levou-o a soltar-se ainda mais. Não houve e não há ainda hoje, passados que são alguns anos, e por mais que tente encontrá-las, palavras que quantifiquem e qualifiquem as emoções vividas. Stanley Jordan , tirou da sua harmónica sons que acompanhavam num casamento singular, a sua guitarra. Mas as emoções não estavam completas. Para surpresa de todos, a harmónica continuou a tocar, a guitarra também e o piano acompanhou. Soube depois no bar, que aquilo a que nós tínhamos assistido, já havia sido feito (duas ou três vezes) mas não estava planeado e, era o reflexo do público que lá estava a assistir. Tínhamos formado um universo de gente diferente, vibrando da mesma forma.
Este foi sem dúvida um dos melhores concertos a que assisti em toda a minha vida. Para além do jazz ser a minha paixão musical, a guitarra sentida e tocada desta forma é-o também.
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