Hoje, queria um quarto,
uma cama (não importa a largura),
rosas e velas espalhadas por todo o espaço,
um vinho fresco, para nos refrescarmos (e aquecermos de seguida).
Hoje, queria o teu beijo, o teu cheiro e o teu sabor,
o teu corpo nu...
Hoje, queria tanto, fazer amor...
Contigo!
Quero despir esta pele e, vestir outra
Mais leve, mais alegre, mais feliz.
Quero deambular sorridente
Por entre as àrvores
E sorrir como resposta
Ao chilrear da passarada.
Quero cheirar a rosa que desabrocha ao meu lado
Sentir a Primavera nos cabelos.
Quero sentir-me viva e vivida
Por cada dia passado, por hoje,
E pelo futuro viajar, sem medo,
Aqui e agora.
Quero apenas a liberdade de ser.
De estar, de sentir.
Quero deixar-te lá bem atrás
Onde ficam as memórias
A esquecer.
Quero!
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
P.S. É exactamente isto: "Não sei por onde vou, não sei para onde vou, SEI QUE NÃO VOU POR AÍ!
Se hoje, estivesse no Porto, iria de certeza até ao número 67 da Rua de Belomonte, ao Pinguim Café. Desceria as escadas, instalava-me e ficava, calmamente, à espera que alguém, possivelmente o Rui, me transportasse para o país da poesia.
Tenho tantas saudades de alimentar a alma, com uma boa noite de poesia. Há quanto tempo não o faço?! Há algum...
Quem sabe, uma segunda feira qualquer, não vou tirar a alma da miséria... e, ouvir quem me queira satisfazer a alma.
Ontem, levei o dia todo com a certeza de que apenas a tua voz me traria tranquilidade. Precisava ouvir-te a dizer um poema... Hoje fui pequisar e, encontrei este... O mar... Sempre o mar...
P.S. Tenho muitas saudades tuas... Sinto falta daquele abraço...
A vida, sem nome, sem memória, estava sozinha.
Tinha mãos, mas não tinha em quem tocar.
Tinha boca, mas não tinha com quem falar.
A vida era uma, e sendo uma era nenhuma.
Então o desejo disparou sua flecha.
E a flecha do desejo partiu a vida pela metade, e a vida tornou-se duas.
As duas metades se encontraram e riram.
Ao se ver, riam; e ao se tocar, também.
Eduardo Galeano
Hoje, é o Dia Mundial da Poesia.
E, porque a poesia faz parte da minha vida (quase como se de um alimento se tratasse), deixo aqui este poema, que dedico a todos quantos continuam a visitar este meu cantinho, continuam a deixar comentários e a lembrar-se de mim... Obrigada,
Fazer das coisas fracas um poema.
Uma árvore está quieta,
murcha, desprezada.
Mas se o poeta a levanta pelos cabelos
e lhe sopra os dedos,
ela volta a empertigar-se, renovada.
E tu, que não sabias o segredo,
perdes a vaidade.
Fora de ti há o mundo
e nele há tudo
que em ti não cabe.
Homem, até o barro tem poesia!
Olha as coisas com humildade.
Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"
Apesar de Lisboa não ser a minha cidade de eleição, é uma cidade onde me sinto bem. Aqui tenho vivenciado aspectos positivos da minha vida.
Após uma tarde de sábado cinco estrelas, desde almoço com uma grande amiga, algumas compras e ida ao cinema (fomos ver Nas nuvens), rumei até ao Bairro Alto para e ir encontrar com o Pedro, a companheira dele e alguns amigos. Surpresa das surpresas, encontro o Zeca, músico e amigo com quem já não estava há algum tempo.
Foi bom! Muito bom mesmo.
A noite traz-me sempre grandes surpresas.
Gostei das pessoas que conheci esta noite: um poeta, uma cantora, um actor, uma pintora e uma arquitecta.
Cada vez mais, sinto que o meu lugar é entre todos os que de alguma forma trabalham para que a cultura deste país melhore.
Agora... agora vou dormir. Convenhamos de que já está mais do que na hora....
A todos obrigada.
Choveu toda a noite.
As insónias voltaram.
O cansaço toma de assalto, o corpo e a mente.
A descontração desapareceu, como por magia.
Procurei na "Poesia Completa" de Natália Correia (livro que me foi oferecido pela minha querida amiga Aida, apenas porque lhe apeteceu), algum conforto. Não encontrei o conforto. Descobri este poema:
Outono
Largo silêncio amadurece o Outono
O coração das folhas em letargo.
De alcantilado bosque cai no sono
O parque. Modorra a luz no lago.
E a natureza ali rendida à calma
Escuta, toda ouvidos num nenúfar.
Rumores da Eternidade que a sua alma
Antiga toca numa cana-de-açucar.
Natália Correia
Algo aconteceu, que me levou à conclusão de que não gosto do mês de Setembro nem tão pouco do Outono.... Já sinto saudades do meu mar de Agosto. E, hoje não me apetece valorizar as pequenas grandes coisas da vida!
Sei que é um poema de Regina Guimarães, mas desconheço o nome... Este motivo deveria ser suficiente para não ousar transcrevê-lo, no entanto, ele é de uma beleza tal, que seria egoísmo da minha parte não o deixar aqui.
Espaço sem portas, sem estradas, o do amor.
O primeiro desejo dos amantes
é serem velhos amantes
e começarem assim o amor
pelo fim.
Regina Guimarães
P.S. Caso alguém, que visite este meu cantinho, saiba o nome deste poema, agradecia que me informasse.
Obrigada
. Quereres
. Quero
. ...
. Outono
. ...
. De dois em dois o caracol...
. O que alguém escreveu sob...
. Saudade
. Pensamento (meu) sobre o ...
. Abraço
. Sim...