Sim, estou. E comigo!
A ponto de questionar tudo e não acreditar em nada.
Ando à roda mas, a angústia que sinto não me deixa sair do mesmo lugar. Procuro respostas. Não as encontro.
Estou a um passo de desistir... Amanhã tenho de tomar uma decisão firme. Preciso tomar uma decisão firme.
... que o sono chegue logo e seja tranquilizador.
Apetecia-me. Sim, apetecia-me voltar a escrever, ou voltar a subir a um palco e olhar o público nos olhos, ou simplesmente fechar os meus e deixar que a minha voz aquecesse a sala.
Apetecia-me... de verdade, que sim. Partilhar sons e imagens. Receber aplausos e abraços, entre sorrisos e lágrimas.
Apetecia-me, pois... mas a inércia tomou conta de mim. Pelo menos por hoje, independentemente de quantas horas tenha este "hoje"... Fui vencida... e deixo-me, assim, ficar.
Uma boa dose de angústia existencial e uma caixa de Toblerone, união perfeita.
... hoje, sinto-me um cachorrinho abandonado.
E pronto...
Queria ir à queima das fitas! E queria não estar triste! E queria receber um abraço! E queria sentir-me bem! E queria estar longe dos problemas que me cercam! E queria caminhar de cabeça erguida! E queria estar feliz! E queria afastar-me deste buraco negro que tanto me atrai! E queria voltar as costas ao abismo, aqui mesmo à minha frente! E queria parar de chorar! E queria... queria tanto estar em Paz comigo!
O meu estado de espírito inibe-me. Apenas quero estar no meu cantinho. Convívios neste momento estão fora de questão. Declinei alguns convites para jantar em casa de amigos. alegando cansaço e indisponibilidade dos filhos, mas a realidade é que não me apetece ver gente. E, ponto final!
Já o tinha afirmado cá em casa mas, suponho, ninguém levou isso muito a sério. Pelo menos até ontem.
Ontem, enquanto terminava de fazer o jantar e punha a mesa, liguei a televisão no noticiário. A reportagem que estava a ser transmitida dizia respeito a uma apresentação de dois livros, seguido de um jantar para angariação de fundos para uma ONG, onde faço voluntariado e, cujo convite estava preso na porta do frigorífico, supostamente para não me esquecer dele. Três pares de olhos fixaram-me com um misto de surpresa e curiosidade. Apenas o marido conseguiu dizer alguma coisa.
- Esqueceste-te?!
- Não, não me apeteceu ir...
- Não te apeteceu ir?! Como assim?
- Ia lá estar muita gente.
- E desde quando isso é problema para ti?
- Desde que não me apetece ver gente. Já to tinha dito...
Tenho a sensação que só naquele momento tiveram a real percepção dos factos. NÃO QUERO VER GENTE! Já me basta durante a semana, em que me obrigo a ir trabalhar, e tenho de partilhar um espaço com outras pessoas, ter de ir ao supermercado, andar de autocarro, etc.
Amanhã, vou ser questionada sobre a minha ausência. Já sei. Nunca antes tinha faltado a um evento que fosse, nunca antes tinha recusado vender bilhetes, estão todos a estranhar. Esclarecerei tudo com a coordenadora e entregarei o meu donativo, no valor do jantar. Espero que ela compreenda. Se não compreender, temos pena...
Sinto-me como uma pequena península, que não é uma ilha, apenas porque está ligada a um continente por um istmo.
Sou o reflexo do desespero
do abandono
da solidão
Sou uma vida vazia
fria
só
Partindo do pressuposto, cometi , involuntariamente um erro grave.
Durante, anos e anos e, até à doença súbita de uma familiar próximo, iamos, eu e toda a família, passar a Noite de Natal, o Dia de Natal e o 1º dia do Ano Novo, a casa de uma tia minha.
Este ano, no verão, o meu tio faleceu e a minha tia ficou sózinha. No entanto, a filha, o genro e a neta, vivem imediatamente ao lado da casa dela. Tal facto tranquilizava-me, até porque moro longe e sabê-la acompanhada, era realmente muito bom.
Perto do Natal, liguei-lhe para lhe dar um beijinho. Disse-me que estava bem (dentro dos possíveis) e eu, acreditei.
Hoje, encontrei-me com ela na rua. Gostei de a ver, mas notei-lhe uma certa tristeza no olhar. Congratulei-me com uma pequena/grande vitória dela e ela não conseguiu esconder as lágrimas. Confidenciou-me que havia passado o Natal e o Ano Novo SÓZINHA.
Senti crescer em mim uma revolta tão grande... Revoltei-me pela filha que não esteve com a mãe, nem tem estado com ela, mesmo morando ali ao lado, Mas revoltei-me, sobretudo, porque eu, parti de um pressuposto errado, e não lhe perguntei se queria vir passar o Natal connosco.
Decidi que, posso vir a parecer intrometida, mas terei de futuro muito mais cuidado e esforçar-me-ei para não partir de pressuspostos errados, questionando directamente para que não existam erros nem mágoas.
Desconheço os motivos da minha prima, mas sejam quais forem, para mim não têm qualquer validade ou credibilidade, quando vivendo mesmo ao lado, se ignora a mãe, abandonando-a a uma solidão involuntária e nada merecida.
... despojada de sentimentos.
. ...
. ...
. Reflexo
. Errei... partindo de um p...
. Estou assim... como que v...
. De dois em dois o caracol...
. O que alguém escreveu sob...
. Saudade
. Pensamento (meu) sobre o ...
. Abraço
. Sim...