Há alturas na vida em que as circunstâncias nos obrigam a parar e pensar. Esta foi a altura.
A troca de sms, noite dentro, com o Pedro e a conversa contigo, levaram-me à conclusão, triste, que as coisas não estão bem.
Enquanto fiz a pé, o percurso entre Telheiras e o Colombo, fui-me questionando. Cheguei à conclusão que por algum motivo que me escapa, não sou feliz. Alturas houve em que achei e senti, que a felicidade era o meu estado de espírito habitual. Actualmente isso não acontece.
Revisitando mentalmente os últimos anos, não consegui perceber onde ou quando deixei a felicidade escapar.
Penso que se prende com um certo comudismo a que me votei e que não me é característico.
Descobri que não me sinto realizada.
A minha vida, num passado muito recente, limita-se a existir. O que é pouco. Para mim é pouco. Preciso existir porque... E, não esncontro os "porque"...
Faltam-me as cores quentes e vibrantes e a luz e o calor do sol.
Faltam-me os objectivos e os planos.
Falta-me saber para onde quero ir.
Falta-me aquele abanão, aquele empurrão.
Faltam-me os abraços dos meus filhos e de outras pessoas que amo.
Falta-me sentir que vale a pena amar.
....
Que fazer?
Que volta tenho de dar à minha vida?
Por onde começar?
Há uns meses atrás tinha cá em casa quatro máquinas de lavar roupa. Não eram novas, mas funcionavam todas. Duas tipo industrial e duas normais.
Acontece que, aquela que eu utilizava mais, avariou. Chamado o técnico, chegou-se à conclusão que o custo da reparação era superiror ao valor da máquina. Avançou uma das outras. Ao ligá-la, começou a deitar fumo por tudo o que era lado. Como já não era nova, não chamei o técnico e, juntei-a à outra para que a Câmara Municipal as viesse recolher.
Ainda tinha as duas tipo industrial. Diga-se que uma não trabalhava há um mês e a outra desde que vendera o apartamento onde ela estava.
Liguei a primeira e, funcionava. Boa! Carreguei-a com a roupa a lavar, seleccionei o programa adequado e toca de virar costas, confiante que tudo iria correr bem... Quando me dirigi ao quarto das máquinas para verificar se estava tudo bem, tinha o recinto inundado e a água saia da máquina por tudo o que era lado.
Juntei esta às outras duas e instalei a quarta no devido sítio. Ao ligá-la ela simplesmente não respondeu. O motor, por falta de uso, "colou".
Conclusão: tive de comprar uma máquina de lavar roupa nova.
Agora, a brincadeira parece querer repetir-se, mas com os computadores cá de casa.
No final do mês de Agosto, o meu portátil deixou de trabalhar. O meu marido levou-o ao técnico. Sabíamos que era o disco rígido. Quando chegou à loja, o "bichinho" funcionou. Até domingo... Domingo, "morreu" de vez! Ontem, o meu filho ligou o computador da comunidade (assim chamado porque está instalado no sótão e é utilizado pelo meu filho e pelos amigos dele sempre que precisam, quer para trabalhos quer para jogarem), ligou-o e ele nada... diagnóstico: disco rígido foi à vida.
Hoje, estou a escrever no computador da filhota. Mas, não posso utilizá-lo sempre. Só o posso fazer quando ela não precisar dele. Espero que este se aguente...
Como "o mar não está para lapas", estabelecendo uma ordem de prioridades, avançará logo que possível um disco rígido para o computador da comunidade e o meu bichinho ficará a descansar à espera de melhores dias, se eles vierem...
Nesta fase em que ainda estou de perna esticada, tinha conseguido um trabalho junto de uma investigadora universitária e que, para além de me manter ocupada, iria proporcionar-me a entrada de algum dinheirito extra, para, justamente, compensar a quebra no vencimento... Vou acabar este trabalho e já não me poderei comprometer com o outro que já está a ser preparado.
É caso para dizer que um azar nunca vem só...
Nota: Devo ficar ausente por algum tempo... Quanto?!
Se há dias, em que simplesmente, deveríamos ser surdos-mudos e transparentes, hoje é esse dia!
Ontem fui ao Centro de Saúde, foi uma autêntica "tourada", em que obviamente, o "touro" fui eu. Tudo para chegar a duas conclusões:
1ª O sistema de saúde português não funciona;
2ª Vou ter de ficar com o pé "entalado" por mais duas semanas.
O meu serviço tem de ir à bruxa. Se conhecerem alguma fiável, por favor, digam-me. Há coisas estranhas a acontecer. A um do meus sete dirigentes, foi diagnosticado um linfoma; a colega que estava a fazer o meu trabalho na área dos recursos humanos, enquanto eu estou de atestado médico, ontem torceu um pé, partiu-o e vai ser operada sexta-feira.
Salva-se a gravidez da mulher de um colega que trouxe, não só felicidade à família, como uma lufada de ar fresco a todos nós, no meio de tanta coisa menos boa.
O Outono já está a dar um ar da sua graça, hoje chove e já está mais fresco.
Partiu! Ontem à noite. No Porto.
A luta foi grande. Nunca baixou os braços.
Quando em Abril de 2008 sofreu a primeira convulsão, ninguém previra um desfecho destes. Após alguns exames, consultas com diversos especialistas, deslocações ao Porto, Lisboa e até a Espanha, o diagnóstico foi confirmado: cancro. De uma forma algo fria, informaram a família que o tempo de vida seria curto: seis meses; só por milagre viveria até ao Natal. Viveu para além daquele, mais um Natal.
Pediu para voltar para a terra que escolheu como sua. Realizou dois sonhos muito importantes para ele: casou com a mulher que amava e construiu e ainda viveu na casa que desejou.
A cada dia vivido, era uma etapa vencida, oferecia-nos sorrisos e confiança. E nós ofereciamos-lhe o carinho, o afecto, beijinhos e abraços, aos quais ele se agarrava e nos quais se sentia confortado.
Obrigada Vêvê por tudo o que me deste, por tudo o que me ensinaste! Obrigada Vêvê pelo ser humano que soubeste ser, sempre.
Logo que possa, vou até ao "teu mar" e lá falarei contigo. Teremos uma conversa só nossa...
Até sempre Vêvê!!!
Choveu toda a noite.
As insónias voltaram.
O cansaço toma de assalto, o corpo e a mente.
A descontração desapareceu, como por magia.
Procurei na "Poesia Completa" de Natália Correia (livro que me foi oferecido pela minha querida amiga Aida, apenas porque lhe apeteceu), algum conforto. Não encontrei o conforto. Descobri este poema:
Outono
Largo silêncio amadurece o Outono
O coração das folhas em letargo.
De alcantilado bosque cai no sono
O parque. Modorra a luz no lago.
E a natureza ali rendida à calma
Escuta, toda ouvidos num nenúfar.
Rumores da Eternidade que a sua alma
Antiga toca numa cana-de-açucar.
Natália Correia
Algo aconteceu, que me levou à conclusão de que não gosto do mês de Setembro nem tão pouco do Outono.... Já sinto saudades do meu mar de Agosto. E, hoje não me apetece valorizar as pequenas grandes coisas da vida!
Conheço-o desde sempre. Os nossos quintais eram separados por um muro baixo, que saltávamos sempre que nos queríamos ver. habitamos a vida um do outro até que ele foi para o Seixal tirar um curso de formação profissional.
Desde então, a vida modificou-se. A dele e a minha. No entanto, sempre que podíamos, encontrávamo-nos para um café e dois dedos de conversa.
Por contingências da vida, afastamo-nos. Os interesses já não eram comuns mas, éramos amigos. Continuávamos a gostar de estar juntos...
Até ontem. Ontem vi-o. Já não o via há tanto tempo... senti uma alegria imensa por vê-lo. Corri ao seu encontro, mas percebi que algo não estava bem.
Quando me preparava para o cumprimentar, senti-o frio, distante. Nem queria acreditar, quando o ouvi dizer:
- Desculpa, hoje não posso falar contigo. Está ali a Lena.
E?!...
Lena é a mulher dele. Só não percebi até agora, porque não pode falar comigo...
Não pretendo perder tempo a pensar mais nisso nem tão pouco voltar a falar-lhe.
Por isso, João, nem ontem, nem hoje, nem nunca... És apenas mais um amigo que perco para a vida... Sê feliz!
Sou o reflexo do desespero
do abandono
da solidão
Sou uma vida vazia
fria
só
Simplesmente, apetece-me fazer aquilo que simboliza os fracos: DESISTIR!
Positivismos à parte, estou cansada de dar um passo em frente e dez para trás. O esforço é inglório, desgastante e, gera um tumulto de sentimentos inclassificável.
Não quero isto para mim. Não foi o que escolhi. Não foi para isto que lutei.
Simplesmente...
DESISTO
Não gosto que me mintam e/ou duvidem de mim!
Portanto, se não podem satisfazer estas duas "exigências", minhas, AFASTEM-SE!
Deixem-me em PAZ e sózinha.
Acreditem, fico bem melhor.
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