Há alturas na vida em que as circunstâncias nos obrigam a parar e pensar. Esta foi a altura.
A troca de sms, noite dentro, com o Pedro e a conversa contigo, levaram-me à conclusão, triste, que as coisas não estão bem.
Enquanto fiz a pé, o percurso entre Telheiras e o Colombo, fui-me questionando. Cheguei à conclusão que por algum motivo que me escapa, não sou feliz. Alturas houve em que achei e senti, que a felicidade era o meu estado de espírito habitual. Actualmente isso não acontece.
Revisitando mentalmente os últimos anos, não consegui perceber onde ou quando deixei a felicidade escapar.
Penso que se prende com um certo comudismo a que me votei e que não me é característico.
Descobri que não me sinto realizada.
A minha vida, num passado muito recente, limita-se a existir. O que é pouco. Para mim é pouco. Preciso existir porque... E, não esncontro os "porque"...
Faltam-me as cores quentes e vibrantes e a luz e o calor do sol.
Faltam-me os objectivos e os planos.
Falta-me saber para onde quero ir.
Falta-me aquele abanão, aquele empurrão.
Faltam-me os abraços dos meus filhos e de outras pessoas que amo.
Falta-me sentir que vale a pena amar.
....
Que fazer?
Que volta tenho de dar à minha vida?
Por onde começar?
Se há dias, em que simplesmente, deveríamos ser surdos-mudos e transparentes, hoje é esse dia!
Ontem fui ao Centro de Saúde, foi uma autêntica "tourada", em que obviamente, o "touro" fui eu. Tudo para chegar a duas conclusões:
1ª O sistema de saúde português não funciona;
2ª Vou ter de ficar com o pé "entalado" por mais duas semanas.
O meu serviço tem de ir à bruxa. Se conhecerem alguma fiável, por favor, digam-me. Há coisas estranhas a acontecer. A um do meus sete dirigentes, foi diagnosticado um linfoma; a colega que estava a fazer o meu trabalho na área dos recursos humanos, enquanto eu estou de atestado médico, ontem torceu um pé, partiu-o e vai ser operada sexta-feira.
Salva-se a gravidez da mulher de um colega que trouxe, não só felicidade à família, como uma lufada de ar fresco a todos nós, no meio de tanta coisa menos boa.
O Outono já está a dar um ar da sua graça, hoje chove e já está mais fresco.
Com tanta coisa a acontecer neste país, como por exemplo a senhora Ministra da Saúde estar a preparar-se para cortar comparticipações em medicamentos, algo que vai afectar milhares de portugueses (idosos, reformados com pensões de miséria, doentes crónicos, etc) só se ouve falar de futebol e do "coitadinho" do senhor Carlos Cruz.
Acordem, portugueses, a realidade do "mundo" do futebol é uma realidade que humilha quem trabalha e quem luta diariamente para manter a cabeça erguida e as contas pagas. E, com a nova politização do mesmo, deixa a cada dia que passa, de ter credibilidade.
Quanto ao "coitadinho" do senhor Carlos Cruz, deixem as televisões e os demais órgãos de comunicação de lhe dar projecção. Afinal, ele não é vítima. Porque tendem fazer-nos crer que o é? Porque foi um grande comunicador? Tenham dó...!
A situação tornara-se insustentável. De dia para dia, olhar-te perdia o brilho e ouvir-te perdia o encanto.
Amar-te não tinha sabor a chocolate, nem a picante, nem a salgadinho. Amar-te já não sabia...
Adiar o inevitável, era prolongar um sofrimento. Eu não queria, tu não querias. Nenhum de nós merecia sofrer.
Culpas? Não, não existem culpas. Existem sim, diferentes formas de ver e viver a vida, os relacionamentos.
Tomei as rédeas. Pus as mãos nas ancas. Sacudi o corpo. Abanei a cabeça. Soltei os cabelos, do rabo-de-cavalo, onde se encontravam presos. E, decidi. Por ti, por mim. Decidi.
E disse-te: Adeus!
Voltei-te as costas. Assaltou-me um vazio.
E pensei: E agora?
P.S. Escrito a pedido da L.G.P.
Grande mulher!
Não aprendi ainda o segredo de acertar sempre, o de fracassar, entretanto é simples: querer agradar a todos ao mesmo tempo.
J. F. Kennedy
Partiu! Ontem à noite. No Porto.
A luta foi grande. Nunca baixou os braços.
Quando em Abril de 2008 sofreu a primeira convulsão, ninguém previra um desfecho destes. Após alguns exames, consultas com diversos especialistas, deslocações ao Porto, Lisboa e até a Espanha, o diagnóstico foi confirmado: cancro. De uma forma algo fria, informaram a família que o tempo de vida seria curto: seis meses; só por milagre viveria até ao Natal. Viveu para além daquele, mais um Natal.
Pediu para voltar para a terra que escolheu como sua. Realizou dois sonhos muito importantes para ele: casou com a mulher que amava e construiu e ainda viveu na casa que desejou.
A cada dia vivido, era uma etapa vencida, oferecia-nos sorrisos e confiança. E nós ofereciamos-lhe o carinho, o afecto, beijinhos e abraços, aos quais ele se agarrava e nos quais se sentia confortado.
Obrigada Vêvê por tudo o que me deste, por tudo o que me ensinaste! Obrigada Vêvê pelo ser humano que soubeste ser, sempre.
Logo que possa, vou até ao "teu mar" e lá falarei contigo. Teremos uma conversa só nossa...
Até sempre Vêvê!!!
Choveu toda a noite.
As insónias voltaram.
O cansaço toma de assalto, o corpo e a mente.
A descontração desapareceu, como por magia.
Procurei na "Poesia Completa" de Natália Correia (livro que me foi oferecido pela minha querida amiga Aida, apenas porque lhe apeteceu), algum conforto. Não encontrei o conforto. Descobri este poema:
Outono
Largo silêncio amadurece o Outono
O coração das folhas em letargo.
De alcantilado bosque cai no sono
O parque. Modorra a luz no lago.
E a natureza ali rendida à calma
Escuta, toda ouvidos num nenúfar.
Rumores da Eternidade que a sua alma
Antiga toca numa cana-de-açucar.
Natália Correia
Algo aconteceu, que me levou à conclusão de que não gosto do mês de Setembro nem tão pouco do Outono.... Já sinto saudades do meu mar de Agosto. E, hoje não me apetece valorizar as pequenas grandes coisas da vida!
Conheço-o desde sempre. Os nossos quintais eram separados por um muro baixo, que saltávamos sempre que nos queríamos ver. habitamos a vida um do outro até que ele foi para o Seixal tirar um curso de formação profissional.
Desde então, a vida modificou-se. A dele e a minha. No entanto, sempre que podíamos, encontrávamo-nos para um café e dois dedos de conversa.
Por contingências da vida, afastamo-nos. Os interesses já não eram comuns mas, éramos amigos. Continuávamos a gostar de estar juntos...
Até ontem. Ontem vi-o. Já não o via há tanto tempo... senti uma alegria imensa por vê-lo. Corri ao seu encontro, mas percebi que algo não estava bem.
Quando me preparava para o cumprimentar, senti-o frio, distante. Nem queria acreditar, quando o ouvi dizer:
- Desculpa, hoje não posso falar contigo. Está ali a Lena.
E?!...
Lena é a mulher dele. Só não percebi até agora, porque não pode falar comigo...
Não pretendo perder tempo a pensar mais nisso nem tão pouco voltar a falar-lhe.
Por isso, João, nem ontem, nem hoje, nem nunca... És apenas mais um amigo que perco para a vida... Sê feliz!
Sou o reflexo do desespero
do abandono
da solidão
Sou uma vida vazia
fria
só
. Pequenez
. Disse-te "Adeus!"... e ag...
. Outono
. Nem ontem, nem hoje, nem ...
. Reflexo
. De dois em dois o caracol...
. O que alguém escreveu sob...
. Saudade
. Pensamento (meu) sobre o ...
. Abraço
. Sim...