Apetecia-me. Sim, apetecia-me voltar a escrever, ou voltar a subir a um palco e olhar o público nos olhos, ou simplesmente fechar os meus e deixar que a minha voz aquecesse a sala.
Apetecia-me... de verdade, que sim. Partilhar sons e imagens. Receber aplausos e abraços, entre sorrisos e lágrimas.
Apetecia-me, pois... mas a inércia tomou conta de mim. Pelo menos por hoje, independentemente de quantas horas tenha este "hoje"... Fui vencida... e deixo-me, assim, ficar.
Choveu toda a noite.
As insónias voltaram.
O cansaço toma de assalto, o corpo e a mente.
A descontração desapareceu, como por magia.
Procurei na "Poesia Completa" de Natália Correia (livro que me foi oferecido pela minha querida amiga Aida, apenas porque lhe apeteceu), algum conforto. Não encontrei o conforto. Descobri este poema:
Outono
Largo silêncio amadurece o Outono
O coração das folhas em letargo.
De alcantilado bosque cai no sono
O parque. Modorra a luz no lago.
E a natureza ali rendida à calma
Escuta, toda ouvidos num nenúfar.
Rumores da Eternidade que a sua alma
Antiga toca numa cana-de-açucar.
Natália Correia
Algo aconteceu, que me levou à conclusão de que não gosto do mês de Setembro nem tão pouco do Outono.... Já sinto saudades do meu mar de Agosto. E, hoje não me apetece valorizar as pequenas grandes coisas da vida!
Queria, apenas, fazer-me à estrada na minha "Mara Negra" e, fazer parte dos cerca de vinte mil que este fim de semana estarão em Góis, na XVI Concentração Motard...
Não permito, nem por uma fracção de segundo, que ocupes o meu pensamento.
Não permitirei, portanto, que venhas ocupar-me a mente em mais uma noite de insónia.
Nos meus dias, não há lugar para ti; nas minhas noites muito menos...
E pronto...
Queria ir à queima das fitas! E queria não estar triste! E queria receber um abraço! E queria sentir-me bem! E queria estar longe dos problemas que me cercam! E queria caminhar de cabeça erguida! E queria estar feliz! E queria afastar-me deste buraco negro que tanto me atrai! E queria voltar as costas ao abismo, aqui mesmo à minha frente! E queria parar de chorar! E queria... queria tanto estar em Paz comigo!
O
CAOS
instalou-se!!!
Em Novembro, começaram a soprar ventos ruins, aqui pelos meus lados.
A minha filha lesionou-se e teve de fazer fisioterapia.
O meu filho foi atropelado à porta de casa. Nada grave, felizmente, mas algo que o levou a ficar em repouso, durante alguns dias e, a não praticar desporto durante semanas.
O marido, começou a queixar-se do estômago (e não foram os excessos do Natal, não senhor).
Eu, arranjei-a bonita, com uma infecção urinária, que me levou às urgências (e só lá vou quando não tenho outra alternativa) e que, após ter feito antibiótico, ter emagrecido e ter enjoado o café, continua quase na mesma (só não tenho dores nem febre).
Fiz uma viagem que me obrigou a gastar mais dinheiro do que inicialmente previa.
O marido teve um acidente com o jipe. Só chapa, mas...
A minha filhotinha voltou a queixar-se. Já foi avaliada e vai reiniciar a fisioterapia.
No trabalho, as coisas não estão bem. Andam a tentar tramar-me...
Foi diagnosticado cancro da próstata ao meu sogro.
Isto é só uma leve amostra... entretanto, surgem sempre outros factos que nos abalam, mas que felizmente são de pouca gravidade.
Está ou não na altura da sorte mudar? Já é altura...
... despojada de sentimentos.
Soltei da calçada
o suspiro... o lamento...
envergonhei o choro
e travei-lhe as lágrimas.
Disputei com o silêncio
a gargalhada
Saquei-a das minhas entranhas
e ri... ri... ri... feito louca.
Loucura total ter-te amado
um dia (hoje),
desperdício de tempo e
sentimento.
Imerecido tormento,
ausência, saudade,
ternura, carinho...
Tudo! Como o lamento...
Sinto que algo vai acontecer na viagem que se inicia hoje à noite. E que esse algo não é positivo. Regra geral os pressentimentos não me enganam.
Não consigo explicar, mas parece que forças invisíveis exercem um bloqueio para que a viagem não aconteça. É demasiada tensão.
Costumo viajar alegre e sem expectativas. Desta vez não estou a conseguir.
Aguardemos, então, o evoluir da situação. Às tantas ainda fico em casa e mando tudo pelos ares...
Quando digo tudo é, tudo mesmo. Faço um corte com uma série de coisas, inclusivé planos futuros.
Depois sento-me no chão a ver o que acontece...
. ...
. Outono
. ...
. Já é altura da sorte muda...
. Estou assim... como que v...
. Lamento
. De dois em dois o caracol...
. O que alguém escreveu sob...
. Saudade
. Pensamento (meu) sobre o ...
. Abraço
. Sim...